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Professora graduada no Curso Normal Superior pela Universidade de Uberaba-MG,pós-graduada em Coordenação Pedagógica-UFOP-MG, atuando na área de Ensino Fundamental e Médio.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O MISTÉRIO DA CASA VERDE
Para minha amiga Rose


http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=12742

Dados da Aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula
As atividades ajudarão o aluno a:
a) Perceber a existência de conflitos de interesse/opinião e a rivalidade em uma narrativa;
b) Identificar os personagens antagônicos (protagonista e antagonista)
c) Apropriar-se dos conceitos de argumento (contra e a favor) e de contra-argumento;
d) Conhecer alguns tipos de argumentos: factuais, lógicos, psicológicos e de autoridade;
e) Saber usar alguns verbos de elocução em diálogos argumentativos.
Duração das atividades
03 aulas de cinquenta minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
O aluno já deve conhecer um pouco sobre alguns elementos da narrativa, especialmente, sobre personagens e foco narrativo.
Estratégias e recursos da aula
LEITURA COMPARTILHADA
As atividade serão desenvolvidas a partir da leitura de um fragmento da obra “O mistério da casa verde” que trata da incursão de um grupo de jovens em uma casa tida como mal-assombrada e na qual se encontra um homem que mais parece um personagem do conto “O alienista”, de Machado de Assis, obra com a qual a narrativa dialoga. O livro de Moacyr Scliar é um dos volumes da Coleção Descobrindo os Clássicos cujo objetivo é aproximar os jovens de obras consagradas da Literatura.
ATIVIDADES DE PRÉ-LEITURA
I - Apresentação da obra de onde foi retirado o trecho
O professor apresentará aos alunos tanto o livro O Alienista de Machado de Assis quanto o “O mistério da casa verde” de Moacyr Scliar. Se o professor não conhecer os livros, pode recorrer a resumos disponíveis na internet, a partir do site www.google.com.br
II - Exploração prévia de alguns itens lexicais e expressões que podem interferir na produção do sentido do texto:
O professor apresentará aos alunos os recursos linguísticos abaixo, garantindo que se apropriem do seu significado:
a) No texto que vamos ler, há vários personagens. A partir de cada uma das expressões abaixo, imagine como será o personagem descrito com elas:
(O professor estimulará os alunos a criarem alguma expectativa em relação aos personagens)
1. Prezava seu descanso:
2. Calabrês de pitoresco sotaque:
3. Boa-pinta:
4. Ar melancólico:
5. Fazia jus ao apelido de Bola:
6. Mal continha seu despeito:
b) O foco narrativo do texto é de 3ª pessoa, ou seja, o narrador não é personagem da história. Para orientar o leitor com relação às falas dos personagens, ele usa alguns verbos dicendi ou verbos de elocução, que são aqueles que introduzem, comentam ou encerram as falas. Os mais comuns são: dizer, falar, perguntar, responder, exclamar etc. Observe outros desses verbos:
ARGUMENTAR – CONTRARIAR – INTERVIR – SUSTENTAR – RETRUCAR – ENDOSSAR – NEGAR – OBJETAR – CENSURAR – IRONIZAR – DEFENDER – PONDERAR – PROCLAMAR – PROVOCAR - CONCLUIR - CONCORDAR - DISCORDAR – REPLICAR – CONFIRMAR – CONTESTAR – ASSENTIR – CONTRADIZER – CONTRAPOR - CRITICAR
Assinale com X aqueles que melhor indicam que a fala por ele comentada foi ao encontro do que foi dito anteriormente.
Assinale com # aqueles que melhor indicam que a fala por ele comentada foi de encontro ao que foi dito anteriormente.
Grife aqueles que mostram que o personagem apresentou sua posição sem que necessariamente tenha que ser contra ou a favor do que foi dito antes.
(O professor deverá fazer com o aluno simulações orais de uso dos verbos e ajudá-los a eliminar dúvidas de significado)

ATIVIDADES DE LEITURA
I - Leitura individual do texto:
O MISTÉRIO DA CASA VERDE
1 Quando esta história começa, Arturzinho estava às voltas com um outro projeto, não tão arrojado, mas ainda assim complicado. Esse projeto nascera de um problema. Arturzinho, cara popular, tinha uma turma, razoavelmente grande, de rapazes e moças que gostavam de ouvir rock a todo o volume, gostavam de dançar, gostavam de tocar instrumentos musicais. Nada de especial, nada diferente de outros jovens — mas, onde ouvir e fazer música, onde dançar? O pai de Arturzinho, um médico que trabalhava muito e prezava o seu descanso, proibira qualquer tipo de zoeira em casa. Os pais dos seus amigos e amigas haviam adotado a mesma atitude: barulho, não, era a palavra de ordem. Nos bares, a consumação era um obstáculo. No clube da cidade não podiam entrar: tinham batido boca com o gerente. Enfim: sentiam-se como refugiados que país nenhum quer aceitar. E era esse o problema que vinha incomodando o Arturzinho, e que chegava até a lhe tirar o sono: onde se reunir com a turma? Onde encontrar um local adequado para uma diversão que, se não fosse barulhenta, nã o teria graça? Até q ue um dia, caminhando pela rua, teve uma i nspiração, uma idéia dessas que fazem a pessoa ficar de respiração suspensa, pensando: que coisa genial!
2 Correu para casa, telefonou para os amigos mais chegados dizendo que tinha algo muito importante a comunicar. E marcou, para aquela mesma noite, uma reunião na pizzaria do Marcolino, cujo dono, um calabrês de pitoresco sotaque, era conhecido por sua tolerância em relação à zoeira dos jovens frequentadores que às vezes até ganhavam desconto especial. 
3 Quando Arturzinho chegou, os outros já estavam lá: o Pedro, conhecido como Pedro Bola, um gordinho risonho quase tão agitado quanto Artur; André Catavento, alto, boa-pinta, igualmente safado; e Leo, o intelectual da turma, rapaz de óculos, ar melancólico, que andava sempre com um livro sob o braço. Os quatro estavam sempre juntos — sob a chefia de Arturzinho, líder nato. Uma liderança não muito pacífica: André não escondia a inveja que sentia de Arturzinho, cujo sucesso com garotas era um fato bem conhecido. E foi justamente André que interpelou o recém-chegado:
4 — Então? O que é que você está inventando agora? Fale logo, porque tenho um grande programa para esta noite e não posso perder tempo.
5 — Já conto — Arturzinho gostava de um suspense, e gostava ainda mais de incomodar o rival. — Mas primeiro vamos comer, porque estou morrendo de fome.
6 E, apesar dos resmungos de André, pediu aquilo que Marcolino chamava de megapizza — oitenta centímetros de diâmetro. Devoraram-na até a última migalha — Pedro Bola, que fazia jus ao apelido, comendo boa parte da quota do Leo. Quando terminaram, André voltou à carga:
7 — Então, Xereta, o que é que você está aprontando? Em outras circunstâncias Arturzinho teria se irritado: detestava o apelido, como André sabia muito bem. Naquele momento, contudo, optou por fingir que não tinha ouvido e foi direto ao assunto:
8 — Como vocês estão carecas de saber, precisamos de um lugar para nossas reuniões — proclamou, em tom veemente.
9 — Um lugar em que a gente possa ouvir música sem que ninguém nos incomode, um lugar para dançar, para bater papo. Enfim, o nosso próprio clube.
10 Fez uma pausa dramática e concluiu:
11 — E eu tenho esse lugar.
12 — É? — André Catavento, mal contendo o despeito. E que lugar é esse, pode-se saber?
13 Nova pausa. Arturzinho sorriu, misterioso e superior:
14 — A Casa Verde.
15 Os outros se olharam, espantados, e Pedro Bola protestou:
16 — Essa não, Arturzinho. A Casa Verde é um lugar mal-assombrado, todo mundo sabe disso. Está cheio de fantasmas dos malucos que morreram lá!
17 — Exatamente — replicou Arturzinho.
18 — Exatamente o quê? — André, cada vez mais irritado.
19 — Exatamente: a Casa Verde tem fama de ser mal-assombrada. E é por isso que vamos tomar conta do local. Lá, ninguém nos incomodará. A gente limpa aquilo, a gente arruma, traz umas mesas, umas cadeiras, uns sofás, um som legal, e pronto, temos o nosso clube, o lugar de onde ninguém vai nos mandar embora.
20 — A não ser as almas penadas — riu Pedro Bola.
21 — É — Arturzinho, irônico. — As almas penadas. Se você acredita nessas coisas...
22 — Não sei — respondeu Pedro, meio desconcertado. — Tanta gente fala nisso...
23 — É superstição — interveio Leo. — Essa história não passa de superstição.
24 Leo falava pouco, mas quando afirmava algo, era definitivo. Os outros o respeitavam, porque Leo lia muito, sabia das coisas.
25 Arturzinho, sua autoridade agora reforçada, voltou à carga:
26 — Além disso, a Casa Verde não tem dono. Podemos ficar lá o tempo que quisermos.
27 — Mas o pessoal das redondezas não vai gostar — ponderou Pedro Bola. — São capazes de criar caso.
28 — Criarão caso — replicou Arturzinho — se virem a gente entrar. Mas eu já pensei nisso.
29 Pegou um lápis e um papel e desenhou um retângulo:
30 — Isto aqui é a Casa Ver de. Aqui está a rua e a porta de entrada. Que, como sabemos, ago ra está murada, bem c omo as janelas. É o que as pessoas veem: porta murada, janelas muradas. Pensam que não há ninguém lá dentro. Agora: se nós abrirmos uma outra porta, bem pequena, aqui... estão vendo?.., na parede dos fundos, poderemos entrar e sair sem que ninguém perceba, mesmo porque o mato ali está muito crescido.
31 — Mesmo que a gente consiga entrar — André ainda não estava convencido —, como fica com o resto? Como a luz, por exemplo?
32 — Para que luz? Usamos velas ou lampiões. É muito mais bonito. De mais a mais, temos em casa um gerador pequeno, que posso usar quando quiser.
33 — Não sei — André estava mesmo a fim de contrariar.
34 — Acho que isso tem tudo para dar errado. Porque se a gente...
35 — Sabe de uma coisa? — interrompeu Arturzinho. — Vamos votar. A maioria decide. Cada um escreve num pedaço de papel “sim” ou “não”. E pronto: a questão estará resolvida.
36 Uma jogada muito hábil. Arturzinho sabia que podia contar com o voto do silencioso Leo, que sempre o apoiava. Quanto a Pedro Bola, no fundo tímido e assustadiço, respeitava os corajosos, os destemidos. Falando grosso, Arturzinho conquistava o seu respeito. De fato, quando abriram os votos, constataram: três “sim”, um “não”.
37 — Está decidido — proclamou Arturzinho, triunfante.
38 — Amanhã vamos até lá, tomar conta do nosso clube.
SCLIAR, Moacyr. O mistério da Casa Verde. São Paulo: Ática, 2005. p. 14-17

II - Atividades de leitura compartilhada
1. Vamos reler o primeiro parágrafo. Nele podemos observar que os garotos estabelecem um conflito de interesse com os pais, com o gerente do clube e com os donos de bar.
a) Qual é o interesse dos garotos que entra em conflito com os adultos?
b) Que interesse dos pais vai de encontro ao interesse dos meninos?
c) Qual foi a “solução” encontrada pelos pais?
d) No caso dos donos de bar, que interesse deles não combina com a situação dos garotos?
e) Apesar de não estar expresso, podemos imaginar o motivo do bate-boca com o gerente do clube. Que interesses entraram em conflito nesta situação?

2. Vamos reler do 2º ao 6º parágrafos. A narrativa apresenta um outro conflito interno ao grupo: 
a) Quais eram os personagens conflitantes?
b) O que eles disputavam dentro do grupo?
3. Vamos reler do 7º ao 14º parágrafos.
Qual foi a ideia que Arturzinho propôs em tom veemente?

4. Façamos a releitura do 15º ao 25º parágrafos. O grupo não aceitou, imediatamente, a proposta de Arturzinho:
a) Qual foi o argumento usado por Pedro Bola contrário à proposta?
b) Qual foi o contra-argumento usado por Arturzinho para enfrentar a oposição do amigo? (O professor deve mostrar que foi um argumento lógico: uma informação leva à outra: o fato a casa ser considerada mal-assombrada leva à consequência de que ninguém irá lá incomodá-los)
c) Porém o amigo não se convenceu e Arturzinho usou uma forma de argumentar que mexia com o brio de Pedro. Explique como ele fez isso. (professor explique o argumento psicológico)
d) Como Pedro Bola ainda se mostrava em dúvida, outro personagem, ajuda Arturzinho. Por que as palavras de Leo têm mais peso? (professor aproveite para explicar o que é argumento de autoridade)

5. Vamos reler do 26º ao 32º parágrafos. Após a intervenção de Leo, Arturzinho apresenta mais um argumento a favor da utilização da Casa Verde como clube da turma:
a) Que argumento adicional ele usou?
b) Pedro Bola faz uma ponderação relativa à vizinhança. Qual é?
c) Como Arturzinho contra-argumenta?
d) André, querendo contrapor-se ao colega, ainda levanta um outro argumento contrário à proposta de Arturzinho. Qual é?
e) Como Arturzinho reverte o problema em benefício?

6. Façamos a releitura do 33º ao 38º parágrafos. André continua resistente e não quer ceder aos argumentos.
a) Por que Arturzinho não pode fazer como os pais e decidir unilateralmente ? (O professor deve mostrar que, entre os meninos, não há a hierarquia existente entre pais e filhos)
b) Qual foi então a solução para o impasse?

III – Atividade de sistematização
O que aprendemos?
Aprendemos que numa disputa, as partes usam argumentos favoráveis e contrários e, diante destes, usam-se contra-argumentos. Aprendemos, ainda, que há tipos diferentes de argumentos: lógico, psicológico e de autoridade.
Vimos também que, ao narrar, é necessário escolher os verbos de elocução conforme o contexto.


Recados de Adorei Sua Visita

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