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Professora graduada no Curso Normal Superior pela Universidade de Uberaba-MG,pós-graduada em Coordenação Pedagógica-UFOP-MG, atuando na área de Ensino Fundamental e Médio.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

TEXTOS E INTERPRETAÇÕES









A FADA QUE TINHA IDÉIAS
Fernanda Lopes de Almeida




        Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos, que morava lá no céu, com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo livro das fadas. Queria inventar suas próprias mágicas.
        - Mas, minha filha – dizia a Fada-Mãe – todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?
        - Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto de mundo parado.
        - Mundo parado?
        - É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?
        - Não...
        - Pois repare só.
        A Fada-Mãe ia cuidar de seu serviço, muito preocupada. Ela morria de medo do dia em que a Rainha das fadas descobrisse que Clara Luz nunca saíra da Lição Um do Livro.
        A Rainha era uma velha muito rabugenta. Felizmente vivia num palácio do outro lado do céu. Clara Luz e a mãe moravam numa rua toda feita de estrelas, chamada Via Láctea. A casinha delas era de prata e tinha um jardim todo de flores prateadas.
        - Minha filha, faça uma forcinha, passe ao menos para a Lição Dois! – pedia a Fada-Mãe, aflita.
        - Não vale a pena, mamãe. A Lição Um já é tão enjoada, que a Dois tem que ser duas vezes pior.
        - Mas enjoada por quê?
        - Ensina a fabricar tapete mágico.
        - Pois então? Já pensou que maravilha saber fazer um tapete mágico?
        - Não acho, não. Tudo quanto é fada só pensa em tapete mágico. Ninguém tem uma idéia nova!
        Clara Luz estava sempre fazendo experiências com a sua vara de condão. Já de manhã cedo, reparava no bule de prata (tudo na casinha delas era de prata, até a mobília). Olhava para ele e tinha uma idéia:
        - Tem bico. Dar um bom passarinho.
        E transformava o bule em passarinho.
        Mas o passarinho saía com três asas: duas dele mesmo e uma do bule, que tinha sobrado.
        A Fada-Mãe entrava na sala e levava um susto danado:
        - Que bicho esquisito é esse?
        - É o bule, mamãe, que eu transformei em passarinho.
        Clara Luz! E agora? Onde vou coar o pó-de-meia-noite para fazer o nosso café? E que idéia foi essa de fazer passarinho com três asas? Ao menos ponha duas asas nele!
        - Mas, mamãe, ele gosta de ter três asas!
        O passarinho, furioso, entrava na conversa:
        - Não gosto, não senhora! Faça o favor de me consertar já!
        - Clara Luz não acertava e quem acabava consertando era a Fada-Mãe. O passarinho agradecia muito:
        - Se não fosse a senhora eu não sei como seria! Essa sua filha é muito intrometida.
        E saíra pela janela, resmungando ainda:
        - Veja só! Inventar que eu gosto de ter três asas!
        - Mas essas eram apenas as idéias menores de Clara Luz. Havia outras maiores.


Livro: A Fada que tinha idéias,
Fernanda Lopes de Almeida, 1971.
Editora Ática, 2004.



(Proposta de Atividade - Texto Fatiado )




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