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Professora graduada no Curso Normal Superior pela Universidade de Uberaba-MG,pós-graduada em Coordenação Pedagógica-UFOP-MG, atuando na área de Ensino Fundamental e Médio.

quinta-feira, 14 de junho de 2012


PNLD 2013: como escolher livros com critério

O processo do PNLD 2013 começa em abril, focado nos anos iniciais do Ensino Fundamental

Fernanda Salla
Livros com critério. Ilustração: Pedro Hamdan

O ano letivo só começou, mas quem atua com as turmas dos primeiros anos do Ensino Fundamental já tem de pensar nas publicações que serão utilizadas em sala de aula em 2013. Este mês, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) começa a distribuir o guia com resenhas dos materiais pré-aprovados pelo Ministério da Educação (MEC) e orientações sobre a seleção. A previsão é que os educadores tenham até junho para eleger os títulos que consideram adequados nas áreas de Alfabetização Matemática, Letramento e Alfabetização Linguística (que serão usados do 1º ao 3º ano); Ciências, História e Geografia (do 2º ao 5º ano); e Língua Portuguesa e Matemática (para 4º e 5º anos). Com exceção dos materiais do 1º ao 3º ano, que são usados por um ano, os demais serão utilizados por três. 

A responsabilidade é grande. Para lidar com ela, Ana Spinoza, pesquisadora e professora da Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina, sugere um trabalho colaborativo. Caso sintam necessidade, os professores das séries iniciais, que são polivalentes, devem contar com a opinião de colegas que são especialistas nas disciplinas. Célia Cristina de Figueiredo Cassiano, doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e autora de tese sobre o mercado de livros didáticos, reforça que os docentes também devem confiar em suas práticas anteriores. Afinal, esses conteúdos são trabalhados todos os anos. "O próprio guia do MEC é um excelente material, pois traz os critérios de avaliação de cada área", lembra Célia. Outra recomendação é olhar os manuais dos professores, que acompanham o material didático e trazem diversas orientações. 

Erros conceituais, preconceitos, inconsistências metodológicas, problemas em aspectos gráficos e falta de adequação aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são alguns dos critérios já avaliados pelo MEC. As coleções que passam por esse crivo inicial e chegam para a seleção nas escolas têm diferentes estilos. Cabe ao professor avaliar se o material está alinhado com o projeto político-pedagógico (PPP) da instituição e se atende à metodologia de trabalho adotada em cada disciplina. Para colaborar com esse momento tão importante, NOVA ESCOLA consultou alguns especialistas, que indicam nas páginas seguintes o que os materiais de cada área devem conter.

Letramento,
Alfabetização Linguística
e Língua Portuguesa. Ilustração: Pedro Hamdan
Letramento, Alfabetização Linguística e Língua Portuguesa

Pela primeira vez, o 3º ano é considerado parte do ciclo de alfabetização. Por isso, os professores devem escolher livros específicos para essa fase do ensino. Avaliações externas e internas apontam que as crianças se tornam alfabéticas no 1º e no 2º ano, mas não necessariamente desenvolvem competências leitoras. Sendo assim, essa preocupação deve ser contemplada pelo material. Em todos os livros dessas áreas, a seleção de textos apresentada é um dos fatores mais importantes. Preste atenção se os livros: 

- Atendem à aprendizagem da leitura e da escrita com situações didáticas simultâneas. 

- Possuem temas e textos próximos das práticas sociais. 

- Abrangem diferentes esferas de circulação e gêneros, como o jornalístico e o literário. 

- Consideram a heterogeneidade dos saberes infantis sobre a escrita e não atendem apenas àqueles que já sabem escrever convencionalmente. 

- Contemplam formas diferentes de tratar os conteúdos, com projetos, sequências didáticas e atividades permanentes. 

- Apresentam a gramática atrelada aos textos para que os alunos entendam a função de cada termo, principalmente nos 4º e 5º anos.
Matemática e
Alfabetização Matemática. Ilustração: Pedro Hamdan
Matemática e Alfabetização Matemática

Os livros didáticos dessas áreas precisam incluir todos os eixos de trabalho: números e operações, cálculo mental, medidas, geometria e tratamento da informação. Deve haver um gradativo aprofundamento dos conteúdos a cada ano. Além disso, verifique se: 

- O material considera os conhecimentos que os alunos trazem de fora da escola. 

- São apresentadas possibilidades de discutir diferentes estratégias de cálculo. Por exemplo, com calculadora, mental e com algoritmos. 

- Os conteúdos são apresentados com base em situações-problema, sem enfatizar só algoritmos. 

- Os conhecimentos referentes aos vários eixos de trabalho são abordados de uma forma equilibrada. Normalmente o Guia PNLD traz, junto à resenha de cada livro, um gráfico com o percentual dedicado a cada conteúdo. 

- Há atividades que incentivam a experimentação, valorizam estratégias pessoais de resolução e possibilitam ao aluno desenvolver o pensamento lógico e autônomo.
História. Ilustração: Pedro Hamdan
História

O material deve estar de acordo com a linha pedagógica da escola. Há as que seguem um padrão mais tradicional, em que o livro é usado para os alunos aprofundarem conhecimentos sobre a aula dada. Nesse caso, uma publicação mais focada na apresentação de conteúdos, com narrativas históricas e muitos dados para consulta, será mais adequada. Em outras instituições, os educadores podem preferir mais espaço para a reflexão dos alunos, sempre com dados históricos. Um segundo foco de atenção são as imagens. Observe dois pontos: 

- Elas não podem ser mera descrição dos conteúdos. Precisam, sim, funcionar como disparadoras da pesquisa. 

- Devem aparecer como documentos históricos para serem contextualizadas pelo professor e analisadas pelos estudantes. 

"Há sempre um assunto que o professor polivalente conhece mais, seja por curiosidade, seja por ter tido mais contato com ele ao longo da vida. Para não ter de ler todo o livro, vale eleger esse tema e analisar com cuidado o capítulo que trata dele." 

Daniel Helene, coordenador pedagógico do Centro de Estudar Acaia Sagarana, em São Paulo, SP.
Ciências. Ilustração: Pedro Hamdan
Ciências

Experiências, investigações e observações são a base para o aprendizado dessa disciplina, mas o aluno precisa ter contato com a informação que sustenta o conteúdo. Para ter certeza de que o equilíbrio entre essas frentes está correto, fique atento a três aspectos:

- Textos Os mais adequados apresentam exemplos e comparações com situações conhecidas pelos estudantes. 

- Imagens Devem ampliar o conhecimento que está sendo desenvolvido, com tabelas, gráficos e esquemas visuais. Verifique se elas são claras e relacionadas ao texto principal (sem sobreposição de informações). 

- Experimentos Precisam permitir que os alunos testem suas hipóteses. 

"Um bom texto de Ciências deve fazer os alunos refletirem sobre o que é dito, estabelecer relações com elementos do cotidiano e ativar conhecimentos prévios." 

Ana Espinoza, pesquisadora e professora da área de Ciências da Educação da Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina.
Geografia. Ilustração: Pedro Hamdan
Geografia

É importante checar como a região a que pertence seu estado é tratada. Preste atenção, também, na abordagem de conteúdos clássicos, como território, região, espaço e cartografia. Sobre esse último, o professor deve avaliar se: 

- Os mapas são corretos e não usados como meras ilustrações. 

- As atividades são desafiadoras: pedir que o aluno pinte uma região, sem entender o porquê, não estimula o aprendizado. 

- As situações propostas exigem pesquisa, reflexão sobre os critérios usados na representação e no entendimento da simbologia e da função da cartografia.
Consultoria Ana EspinozaAntonio Carlos Pavão, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Armando Traldi Júnior, professor do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de São Paulo (IFSP); Célia Cristina de Figueiredo CassianoCleusa Capelossi, coordenadora pedagógica da Escola Bakhita, em São Paulo; Cristiane Pelissari, formadora da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo; Daniel Helene; e Waldirene Ribeiro do Carmo, pesquisadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP).

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 251Abril 2012. Título original: Livros com critério

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